O Rio Paraibuna
Acho que o Paraibuna
Tá sofrendo inundação,
O rio tá se afogando,
Já não pode dar vazão
Pra tanta água que cai,
Que desce pelo sertão.
Assim como enche o rio,
Água demais, desperdício,
Se inunda minh’alma de frio,
Transborda o meu sacrifício.
Das vidas que eu já vivi
Magoas e dores passadas,
Amores que eu já perdi,
Esperanças afogadas.
Sem ser rio, sem ter chuva,
Na secura da tristeza,
Sozinha, pobre viúva,
Vou seguindo a correnteza.
Dizem que os seres humanos
Nasceram para se amar
Isto eu penso que é engano
Não posso acreditar
Sozinhos nos leva o rio,
E nos perdemos no mar...
Grota do Junco, Fevereiro de 2006